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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Egito anuncia descoberta de mais de 100 sarcófagos com cerca de 2,5 mil anos

Sarcófagos exibidos em Saqqara neste sábado (14) — Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters


O Egito anunciou a descoberta de 100 sarcófagos, alguns com múmias dentro, a maior descoberta deste ano no sítio arqueológico de Saqqara. Outras 40 estátuas foram encontradas. 

Os sarcófagos e as estátuas foram enterrados há mais de 2.500 anos. Eles foram encontrados em três poços, a uma profundidade de 12 metros da extensa necrópole. 

Os arqueólogos mostraram uma múmia bem preservada envolta em um pano dentro de um dos caixões. 

Os caixões estavam selados, finamente pintados e bem preservados e eram de qualidade superior aos achados anteriores, disse o secretário-geral do conselho supremo de antiguidades, Mostafa Waziri, sugerindo que pertenciam a famílias de escalão superior. 

O ministro do Turismo e Antiguidades, Khaled el-Anany, disse em entrevista coletiva que os itens descobertos datam da dinastia ptolomaica, que governou o Egito por volta de 320 a.C. até cerca de 30 a.C. e o período tardio (664-332 a.C.). 

"Saqqara ainda não revelou todo o seu tesouro. As escavações ainda estão em andamento. Sempre que esvaziamos o poço de um cemitério de sarcófagos encontramos uma entrada para outro", disse el-Anany. 

O sítio de Saqqara é uma vasta necrópole – espécie de cemitério antigo – que abriga a famosa pirâmide de Djoser, a primeira da era faraônica e uma das obras mais antigas do mundo. 

Khaled disse que os achados serão levados para museus do Cairo, incluindo o Grande Museu Egípcio que o Egito está construindo perto das Pirâmides de Gizé. 

Saqqara faz parte da necrópole da antiga capital do Egito, Memphis, que inclui as famosas Pirâmides de Gizé, bem como pirâmides menores em Abu Sir, Dahshur e Abu Ruwaysh. 

Fonte:

Pesquisadores descobrem novas constelações do Egito Antigo

Os egípcios antigos costumavam desenhar as constelações em templos. No entanto, muitas delas apagaram-se. Por exemplo, fuligem cobria as paredes do templo de Esna, no Egito. Restaurando o local, então, eles enxergaram muitas novas descobertas abaixo das paredes de sujeira e fuligem, dentre as quais destacam-se as novas constelações do Egito Antigo.

Segundo disse o líder do projeto e egiptologia na Universidade de Tübingen, na Alemanha, Christian Leitz, ao LiveScience, “parece que foi pintado ontem. Mas não estamos repintando nada, estamos apenas removendo a fuligem”. Ele diz isso pois os arqueólogos se espantaram ao retirar a fuligem com álcool e água destilada. De alguma forma, a pintura se conservou abaixo de tantas camadas de sujeira.


(Ahmed Amin)

Dentre as pinturas estavam as constelações de Ursa Maior e Orion – Mesekhtiu e Sah, respectivamente, para os egípcios. Mas essas já conhecíamos. Uma delas era a ‘Apedu n Ra’, ou ‘Gansos de Rá’. Rá é o deus egípcio do Sol. Mas não há outros pontos de contextualização, então os pesquisadores não sabem quais constelações ou estrelas de hoje elas representavam.

O descuido quase destruiu o templo. Este não era o único tempo na cidade de Esna. No entanto, no século XIX, quando o Egito passou a se industrializar, eles destruíram dois tempos e o tempo de Esna tornou-se um depósito de algodão. Pela localização central, a região valorizou-se e as pessoas construíram imóveis encostados e suas paredes, além de outros mal cuidados.

Hoje, o que chamamos de templo de Esna é apenas o vestíbulo do local, chamado de pronaos, com seus 740 metros quadrados (37m por 20 m) e 15 metros de altura. Antes, algumas décadas após o início da Era Comum, há dois mil anos, provavelmente o imperador romano Claudius já diminuíra o templo. Ali na frente há um edifício que fora um templo romano, já que durante um certo tempo o Império Romano comandou o Egito. 
 
A construção

24 colunas sustentam o telhado do templo. Delas, 18 colunas independentes foram adornadas e decoradas com temas vegetais. No teto, há os desenhos astronômicos, o que inclui as novas constelações. As inscrições hieroglíficas também tornam o templo famoso – descrevem pensamentos religiosos e grandes eventos por ali. “Na arquitetura de templos egípcios, essa é uma exceção absoluta”, diz o egiptólogo Daniel von Recklinghausen em um comunicado.


(Ahmed Amin)

Em 1589 um comerciante de Veneza, até então uma cidade independente na península Itálica (na época a Itália não era unificada), visitou o templo e, impressionado levou suas descrições para a Europa. Outro que se impressionou de forma considerável foi Napoleão Bonaparte.

Fonte:

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

OS SEGREDOS DE SAQQARA: 5 MOTIVOS PARA ASSISTIR O DOCUMENTÁRIO DA NETFLIX

A tumba de Wahtye - Divulgação/Youtube/Netflix


Os enigmas do Egito Antigo até hoje surpreendem arqueólogos que se dedicam noite e dia para desvendar os mistérios da antiga civilização que percorreu as margens do Rio Nilo.

Uma dessas grandes descobertas compreende uma tumba de 4.000 anos que foi revelada durante expedições no ano de 2018, em um antigo cemitério no sítio arqueológico de Saqqara, que está localizado a 30 quilômetros ao sul do Cairo, capital do Egito.

Conforme divulgado pelo Ministério de Antiguidades do Egito na época, o trabalho dos arqueólogos resultou na redescoberta de diversos artefatos na tumba de quatro poços de um antigo Sacerdote.


O dono da tumba chamava-se Wahtye, um Sacerdote de alto escalão, que trabalhou para o faraó Neferirkare, cujo reinado foi entre 2446 e 2438 a.C.


Por dentro da tumba de 4.000 anos /Crédito: Divulgação/Youtube/Netflix



O túmulo é "excepcionalmente bem preservado e colorido, com esculturas dentro", disse o ministro egípcio de antiguidades, Khaled El-Enany, em entrevista coletiva durante a expedição.


Após as revelações feitas por pesquisadores, entusiastas se perguntaram: quem era Wahtye, como era a sua tumba e quais são os enigmas que envolvem essa descoberta? Dois anos depois, as respostas podem ser encontradas no novo documentário disponibilizado na Netflix na última semana, Os Segredos de Saqqara.

Apresentada por arqueólogos e produzida por James Towell, a obra cinematográfica revela o interior da tumba e também a incrível jornada dos pesquisadores ao tentarem desvendar a história de Wahtye.

"Uma equipe de arqueólogos egípcios encontra uma tumba de mais de 4.000 anos completamente intacta e tenta decifrar a história dessa descoberta extraordinária", diz a sinopse.


Com uma linguagem de fácil acesso e momentos instigantes, como o exato momento em que os arqueólogos encontram os restos mortais do dono da tumba e seus familiares, o único defeito da produção da Netflix é não ser uma série com mais uma temporada já confirmada. Além disso, é uma perfeita oportunidade de entender a importância da arqueologia para o nosso futuro.

O site Aventuras na História assistiu a produção e decidiu separar 5 motivos que vão te convencer a assistir a obra que instigou os assinantes da plataforma de streaming.

1. Fascínio

Geralmente, descobertas arqueológicas fascinam os amantes de História com ricos relatos fornecidos por pesquisadores e imagens impressionantes. No documentário disponibilizado na Netflix não é diferente.

Com 1h53 minutos de duração, a produção apresenta registros fascinantes da tumba intacta de Wahtye. Do momento que a descoberta é feita, da interpretação dos hieróglifos a escavação dos quatro poços que o local abriga: tudo é apresentado ao telespectador de maneira didática.

2. Os enigmas de Wahtye

Embora compreenda uma descoberta rica, a tumba de Wahtye intriga os pesquisadores. Isso porque, além da interpretação dos hieróglifos, os profissionais precisam investigar o que teria ocasionado à morte do Sacerdote e seus familiares.

Sem spoilers: cada momento discutido na produção revela os melancólicos motivos que podem ter resultado no óbito de Wahtye e seus descendentes.

3. Várias descobertas

Embora o trailer e a sinopse do documentário mencionem apenas a descoberta do local de descanso do Sacerdote, a produção também apresenta outras grandes descobertas feitas no sítio arqueológico.

Um dos outros sarcófagos revelados na mesma expedição /Crédito: Divulgação/Youtube/Netflix



Em outras escavações realizadas na mesma temporada, por exemplo, os arqueólogos encontram o primeiro leão mumificado do Egito Antigo e outros sarcófagos em impressionante estado de preservação.

4. A interpretação

Conforme mencionamos no tópico acima, a documentário vai muito além da revelação da tumba de Whatye. À medida que produção de desdobra, é apresentado ao telespectador animações que explicam os símbolos do Egito Antigo.

Em certo momento, por exemplo, a produção explica como funcionavam os estágios da vida após a morte na Antiga Civilização e como os antigos egípcios enxergavam a importância das tumbas.

Além disso, a obra cinematográfica conta com brilhantes infográficos que apresentam uma visão total da tumba encontrada em 2018.

5. Esforço diário

Segredos de Saqqara também é de extrema importância para conhecer a rotina dos arqueólogos. A produção revela a intensa saga dos arqueólogos que precisam apresentar em tempo recorde descobertas relevantes para prosseguir com o incentivo do Governo.

Além disso, o documentário também documenta o rico trabalho de egiptólogos e antropólogos à medida que precisam desvendar a narrativa que cada item carrega consigo.

Retirado na íntegra de:

EGITO REVELA DESCOBERTA DE TUMBA COM ITENS INSTIGANTES

Arqueólogo ao lado do achado - Ministério do Turismo e Antiguidades


O Ministério do Turismo e Antiguidades anunciou no sábado, 24, a descoberta de um antigo túmulo na província de Minya, Alto Egito. A tumba foi encontrada no sítio arqueológico de Tuna al-Gabal durante uma missão arqueológica, informou o chefe do Conselho Supremo de Antiguidades do ministério, Mostafa Waziri, em comunicado.


Os vasos encontrados /Crédito: Divulgação- Ministério de Antiguidades do Egito



Waziri disse que o antigo túmulo, que tem cerca de 10 metros de profundidade, pertencia a um homem que serviu como "supervisor do tesouro real". Ele ainda acrescentou que no local foram encontradas estátuas de pedra, caixões e outros itens curiosos. 

Uma das estátuas encontradas /Crédito: Divulgação- Ministério de Antiguidades do Egito

Entretanto, apesar do achado, as buscas não param por aí, já que as escavações ainda continuam em andamento para descobrir mais segredos e tesouros do sítio arqueológico, informou Mostafa, que destacou que todos os artefatos encontrados estavam em um bom estado de preservação. 

Nas últimas semanas, o país do Norte da África testemunhou várias descobertas arqueológicas em grande escala, como os 59 sarcófagos de possíveis sacerdotes que viveram a 2.500 anos atrás, que foram encontrados no sul do Cairo.

Retirado na íntegra de:

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Netflix lançará novo documentário "Segredos da Tumba de Saqqara" em 28 de outubro

A Netflix anunciou na quinta-feira, 28 de outubro, o lançamento global de seu novo documentário, "Segredos da Tumba de Saqqara", que apresenta a descoberta de uma tumba "única" sob a areia no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito.

Dirigido por James Tovell e produzido por Richard Bradley e Caterina Turroni, o documentário segue uma equipe de arqueólogos locais escavando passagens, poços e tumbas nunca antes vistas.

Segredos da Tumba de Saqqara leva os espectadores à tumba de um sacerdote do Reino Antigo, Wahtye, que permaneceu fechada por 4.500 anos.

A equipe encontra mais de três mil artefatos, incluindo um filhote de leão mumificado, um templo dedicado à deusa gato egípcio Bastet e o que pode ser o caso mais antigo de malária rastreável do mundo.

Além de antiguidades fascinantes, o documentário oferece uma visão abrangente e única da vida do sacerdote e de sua família.

O documentário foi filmado em Saqqara, a menos de um quilômetro do local da Pirâmide de Degraus, um dos edifícios de pedra mais antigos da história e a pirâmide mais antiga do Egito.

A tumba de Wahtye foi descoberta em 2018 na necrópole de Saqqara. A tumba foi bem preservada e ordenada com inúmeras estátuas esculpidas em suas paredes.

O documentário será lançado globalmente em 190 países. Legendas para mais de 30 idiomas estarão disponíveis, bem como uma versão dublada em inglês.

Trailer (caso não consiga visualizar, clique aqui!):


Fonte:

Filme 'embranquecerá' Cleópatra? Como era uma das mulheres mais poderosas da história

Eternizada no imaginário popular com a pele branca e os olhos azuis da atriz britânica Elizabeth Taylor, a rainha Cleópatra 7ª suscita debates há séculos em torno de sua astúcia política, sua beleza, sua identidade e seu legado à frente do Egito.

As disputas em torno dela ganharam novo impulso nesta semana com a divulgação de que a monarca do Egito será vivida no cinema pela atriz israelense Gal Gadot, conhecida por seu papel de Mulher-Maravilha.

Gal Gadot - CRÉDITO,GETTY IMAGES

"Nós esperamos que mulheres e garotas ao redor do mundo que aspirem contar suas histórias nunca desistam de seus sonhos. Nós vamos fazer suas vozes serem ouvidas, por e para outras mulheres", disse Gadot, ao anunciar a produção em seu perfil no Instagram, com 43,7 milhões de seguidores. O longa, ainda sem previsão de estreia, será dirigido por Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha.

Se de um lado muitos comemoraram uma produção majoritariamente feminina que deve evitar clichês de mulher sedutora de filmes anteriores, de outro, muitos criticaram a escolha da atriz para o papel sob acusações de embranquecimento (whitewashing) da figura histórica, descendente de uma dinastia grega ligada ao rei macedônio Alexandre, o Grande, mas que provavelmente era de etnia mista. Cobravam a escalação de uma atriz de origem africana ou árabe.

Mas qual é a verdadeira origem e história da última governante da dinastia ptolomaica, que comandou o Egito de 51 a.C. até 30 a.C., trouxe prosperidade e paz a um país falido e soube tirar proveito político da aproximação de dois generais romanos?

Para a historiadora britânica Mary Beard, as milhares de representações de Cleópatra ao longo do tempo são "baseadas em uma série perigosa de deduções de evidências fragmentárias ou flagrantemente não confiáveis".

Sabe-se tão pouco sobre ela que Beard defende que Cleópatra deveria aparecer para nós hoje como "a rainha sem rosto".

Origem e linhagem

Cleópatra nasceu em torno do ano de 69 a.C. no Egito. Seu nome, de origem grega, significa "grande como o pai".

Seu pai, o faraó Ptolomeu 12, pertencia a uma linha de monarcas da dinastia ptolomaica, que teve suas raízes no ano de 332 a.C.. Naquele ano, Alexandre, o Grande, liderou tropas macedônias e gregas numa batalha que libertou os egípcios do domínio dos persas.

Alexandria passou a ser a nova capital do Egito. A cidade se tornou "a capital das palavras helenísticas da palavra grega, onde ficavam os livros de escritores muito importantes do passado. E vemos como a nova cultura grega ali se associa à antiga tradição religiosa egípcia, que já existia havia 3.000 anos", explica o egiptólogo Christian Greco, do Museu Egípcio de Turim, na Itália.

Quando Alexandre, o Grande, morreu em 323 a.C., seu reino foi dividido. É aí que a posição de governante do Egito foi reivindicada por Ptolomeu 1º, filho de um nobre da Macedônia que dá início à dinastia ptolomaica.

A partir dali, o Egito seria governado por seus descendentes até a morte de Cleópatra 7ª, no ano de 30 a.C, mais de 300 anos depois. O Egito se tornaria um dos reinados mais poderosos do mundo, e um dos últimos a serem dominados pelos romanos.

Essa mistura de povos e locais, associada à falta de informações confiáveis sobre a dinastia ptolomaica e Cleópatra, alimenta debates há anos sobre a rainha do Egito.

Afinal, ela era norte-africana, grega ou macedônia? Tudo indica que ela era de origem étnica mista.

Segundo pesquisadores do Instituto Arqueológico Austríaco, análises da ossada de uma irmã de Cleópatra apontaram em 2009 que a rainha egípcia era, em parte, africana.

A conclusão foi tirada após a identificação do esqueleto da irmã mais nova de Cleópatra, a princesa Arsinoe, encontrado em uma tumba de mais de 2.000 anos em Éfeso, na Turquia. As evidências obtidas pelo estudo das dimensões do crânio de Arsinoe indicam que ela tinha algumas características de brancos europeus, antigos egípcios e africanos negros.

Mas há também outras questões de identidade envolvidas no debate sobre a origem de Cleópatra.

Segundo Maria Wyke, professora de latim da University College de Londres (UCL), há uma grande disputa para reivindicar Cleópatra enquanto egípcia.

"No século 19, havia um debate sobre se ela tinha sangue egípcio, em parte porque há tão pouca informação, se é que há alguma, sobre sua mãe ou sua avó. Mas no final do século 20, a questão não era se Cleópatra era egípcia no sentido genético, mas se ela era negra."

E continua: "isso emerge principalmente na década de 1990 com o surgimento do afrocentrismo tendo o Egito como ponto de partida. Assim, Cleópatra se tornou a personificação de uma mulher poderosa na origem da história africana. Portanto, reivindicar Cleópatra como negra tendo uma base histórica ou não é irrelevante. Reclamá-la como negra se torna um importante contra-ataque aos preconceitos de gênero e raça e à apropriação de Cleópatra feita pelo homem branco do mundo ocidental ao longo do tempo".

De acordo com Joyce Tyldesley, professora de egiptologia da Universidade de Manchester e autora de Cleópatra: A Última Rainha do Egito, a rainha egípcia "manipulou a religião egípcia para que fosse vista como uma encarnação viva da deusa Ísis, o que lhe permitiu consolidar completamente sua posição de poder".


Moeda com imagem de Cleópatra - CRÉDITO,BRITISH MUSEUM

E, para Tyldesley, essa manipulação da religião contém a chave para o grande mistério que a atormentou enquanto escrevia o livro sobre Cleópatra.

"Havia uma pergunta que me perseguia o tempo todo: será que Cleópatra se considerava egípcia? Acho que sim. Ela era uma rainha do Egito. O que mais ela teria se considerado? Seu pai era um rei do Egito, uma de suas irmãs tinha sido rainha. Acho que ela teria se considerado uma egípcia, ainda que não fosse uma egípcia nativa, mas uma egípcia grega."

Segundo ela, conforme os gregos se estabeleceram no Egito, havia duas populações vivendo lado a lado, e ambas começando a se familiarizar com a cultura uma da outra.

"Acima de tudo, Cleópatra estava começando a usar a cultura egípcia, especialmente em termos de religião. Outros Ptolomeus já feito algo semelhante antes, em menor grau, mas é muito interessante que ela use uma base egípcia para se promover."

Além das apropriações próprias e alheias em torno da identidade dela, há tentativas científicas de reconstituir os verdadeiros traços de Cleópatra, que lhe deram um rosto — dissociado do imaginário popular eternizado pela cultura ocidental.

Em 2009, a arqueóloga e egiptóloga britânica Sally Ann Ashton utilizou imagens gravadas em artefatos antigos, como um anel que data da época do seu reinado, para compor o rosto da rainha egípcia.

O rosto recriado pela egiptóloga aponta uma mulher de etnia mista, com traços egípcios e da sua herança grega.



Rosto de Cleópatra, segundo reconstituição feita pela arqueóloga e egiptóloga britânica Sally Ann Ashton - CRÉDITO,DIVULGAÇÃO

Para ver a a história de Cleópatra acesse o link abaixo, o qual também foi utilizado como fonte para repostar essa parte da reportagem.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Vídeo de sarcófago de 2.500 anos sendo aberto no Egito viraliza nas redes sociais

Vídeo mostra o exato momento em que os pesquisadores abriram um dos 59 sarcófagos descobertos. (Foto: KHALED DESOUKI/AFP via Getty Images)


O Ministério de Antiguidades do Egito anunciou, no fim de semana, a descoberta de 59 sarcófagos selados, de 2.500 anos. Mas um vídeo impressionante viralizou nas redes sociais: ele mostra o exato momento em que os pesquisadores abriram um dos sarcófagos.

Os caixões foram abertos diante de um público formado por autoridades, empresários, funcionários, jornalistas e até crianças, que aparecem com celulares gravando tudo.

Presente no evento, que aconteceu no sábado, dia 3, o embaixador da Austrália no Egito, Glenn Miles, foi uma das pessoas que gravou a abertura dos caixões e compartilhou as imagens na internet.

“Privilegiado por assistir à abertura de um sarcófago recém-descoberto em uma antiga necrópole egípcia em Saqqara. Um crédito para o Ministro do Turismo e Antiguidades Khaled El Anany e todos os outros envolvidos em uma escavação incrível”, escreveu no Twitter.

Conforme os arqueólogos que trabalham nessa expedição desde 2018, os caixões foram revelados em agosto no sul do Cairo, capital do Egito. Eles foram encontrados em três poços de 12 metros junto com 28 estatuetas do deus Seker, relevante figura no ritual de morte.

As múmias, que estavam em 59 sarcófagos de madeira, serão expostas no Grande Museu Egípcio, que será inaugurado em 2021, próximo às pirâmides de Gizé. Além das múmias, foram encontradas 28 estátuas do antigo deus egípcio Ptah Sokar.

No registro, o ministro egípcio do Turismo e Antiguidades Khaled Al-Anani (à esquerda), e Mustafa Waziri (à direita), secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades, revelando uma das múmias dentro de um sarcófago escavado pelo missão arqueológica egípcia na necrópole de Saqqara, 30 km ao sul da capital Cairo. (Foto: KHALED DESOUKI / AFP via Getty Images)

Segundo o secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades, Mustafa Waziri, os sarcófagos pertencem à dinastia 26 do Período Tardio (664 a.C. a 525 a.C.), a última antes da conquista persa. As peças preservam ainda a cor original e teriam sido protegidas de reações químicas devido a um selo protetor.

''Considero esse o começo de uma grande descoberta'', afirmou o ministro do Turismo egípcio, Khalid el-Anany.

Retirado na íntegra de:
Para ver o vídeo, acesse o link acima.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Egito anuncia descoberta de 59 sarcófagos

Vários sarcófagos são exibidos dentro de uma tumba no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito, neste sábado (3). O Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito disse que pelo menos 59 sarcófagos selados com múmias dentro foram encontrado em três poços.


Sarcófago com cerca de 2,5 mil é exibido no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters


Vários sarcófagos são exibidos dentro de uma tumba no sítio arqueológico de Saqqara, 30 quilômetros ao sul do Cairo, no Egito, neste sábado (3). O ministério de antiguidades e turismo do Egito diz que pelo menos 59 sarcófagos selados com múmias dentro foram encontrado em três poços — Foto: Mahmoud Khaled/AP


Sarcófago com cerca de 2,5 mil anos é exibido no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters


Sarcófagos de cerca de 2,5 mil anos são descobertos no Egito — Foto: Mahmoud Khaled/AP


Membros de missões diplomáticas no Egito participam de entrevista coletiva para anunciar uma nova descoberta de 59 sarcófagos escavados pela missão arqueológica egípcia que trabalhava na necrópole de Saqqara, 30 quilômetros ao sul da capital egípcia, Cairo, que resultou na descoberta de um poço funerário com mais de 59 caixões humanos fechados por mais de 2,5 mil anos. Eles foram desenterrados ao sul do Cairo, no extenso cemitério de Saqqara, a necrópole da antiga capital egípcia de Memphis — Foto: Khaled Desouki/AFP


Sarcófago é aberto no sítio arqueológico de Saqqara, 30 quilômetros ao sul do Cairo, Egito, neste sábado (3), na presença de jornalistas e funcionários. O Ministério de Antiguidades e Turismo do Egito afirma que pelo menos 59 sarcófagos com múmias dentro foram encontrados — Foto: Mahmoud Khaled/AP


Sarcófago com cerca de 2,5 mil anos é exibido no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters


Sarcófago com cerca de 2,5 mil anos é exibido no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mahmoud Khaled/AP


Múmia exibida durante coletiva de imprensa na necrópole de Saqqara, 30 quilômetros ao sul do Cairo, no Egito, neste sábado (3) — Foto: Khaled Desouki/AFP


Sarcófago com cerca de 2,5 mil anos é exibido no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters


Sarcófagos com cerca de 2,5 mil anos são exibidos no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito. O Egito diz que os arqueólogos desenterraram cerca de 60 caixões antigos em uma vasta necrópole ao sul do Cairo. O ministro egípcio de Turismo e Antiguidades disse que pelo menos 59 sarcófagos lacrados com múmias dentro foram encontrados, enterrados em três poços — Foto: Mahmoud Khaled/AP


Sarcófagos com cerca de 2,5 mil anos são exibidos no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mahmoud Khaled/AP


Sarcófagos com cerca de 2,5 mil anos são exibidos no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mahmoud Khaled/AP


Esculturas em relevo são exibidas no sítio arqueológico de Saqqara, no Egito — Foto: Mahmoud Khaled/AP

Retirado na íntegra de:

domingo, 23 de agosto de 2020

Morte no Nilo


Como vocês sabem, divulgo aqui os filmes famosos que se tem alguma relação com o Egito. O mais recente é Morte no Nilo. A versão atual do filme é adaptado do clássico livro de suspense de Agatha Christie.  

O filme tem direção de Kenneth Branagh, que também comandou um longa anterior baseado em obra da escritora britânica, Assassinato no Expresso do Oriente (2017). 

Além de dirigir a produção, Branagh volta a interpretar o astuto detetive belga Hercule Poirot, que agora terá de investigar o misterioso assassinato da bela e rica Linnet Ridgeway Doyle (Gal Gadot).

O crime ocorre dentro de um cruzeiro pelo Rio Nilo, no Egito. O roteiro é de Michael Green, e o elenco conta ainda com Armie Hammer, Letitia Wright e Tom Bateman.

A estreia está marcada para 23 de outubro nos cinemas dos EUA, sem previsão ainda para o Brasil. 

Confira o trailer abaixo (se não conseguir visualizar, clique aqui!):


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Você sabe quem foi Margaret Murray?

Margaret Murray, foi uma dos primeiras arqueólogas a ser empregada na UCL e uma das mais destacadas, embora seu papel na história da arqueologia seja subestimado com frequência. 

Margaret Alice Murray, nasceu em 13 de julho de 1863, e faleceu em 13 de novembro de 1963. Vale a pena celebrar a vida dessa mulher notável, tanto no mundo arqueológico como na UCL, onde passou toda a sua carreira acadêmica, desde 1894, quando se tornou uma das primeiras alunas da nova disciplina de Egiptologia, até 1935, quando se aposentou como professora assistente de egiptologia. Em 1899, foi nomeada para uma conferência júnior, tornando-a a primeira professora do sexo feminino em arqueologia no Reino Unido. Ela indubitavelmente merecia suceder Flinders Petrie à cadeira de egiptologia de Edwards quando ele se aposentou em 1933, mas esse era claramente um passo longe demais para a UCL. Embora se orgulhasse de suas atitudes progressistas, o Colégio não nomeou sua primeira professora até 1949. No entanto, a UCL concedeu a Murray um doutorado honorário em 1931 e a tornou uma bolsista honorária no ano seguinte. A ocasião de seu centésimo aniversário foi marcada pela apresentação de um discurso do Conselho de Professores (Fig. 1). Vale ressaltar, em relação ao Instituto de Arqueologia, que a vida e a carreira de Murray podem ter uma influência significativa em Tessa Verney Wheeler, que desempenhou um papel importante na fundação do Instituto, junto com seu marido Mortimer Wheeler. Tessa Verney conheceria Murray durante seus anos de estudante na UCL antes da Primeira Guerra Mundial (embora ela tenha estudado História e Idiomas, em vez de Egiptologia) e como colega na década de 1930, depois de se casar com Wheeler (Carr, 2012: 55–65). )

Figura 1
Margaret Murray por ocasião de seu centésimo aniversário, marcada pela apresentação de um discurso do Conselho de Professores (UCL Records).

Margaret Murray é frequentemente considerada primariamente como uma das assistentes de Flinders Petrie e seu trabalho é obscuramente ofuscado pelo do "grande homem" (a quem ela considerava um gênio, embora não sem falhas). Certamente, às vezes ela atuava como assistente dele no campo, onde se mostrava uma talentosa desenhista e escavadeira, enquanto na UCL ela assumia grande parte do ensino e da administração enquanto Petrie estava escavando no Egito. Ela deveria, no entanto, ser julgada como a estudiosa independente que sem dúvida era, que conduziu suas próprias escavações em Malta, Menorca e Palestina e publicou uma longa lista de artigos e livros acadêmicos sobre egiptologia e outros assuntos arqueológicos.

Ensino e trabalho departamental na UCL

Em um estágio inicial, ela assumiu o ensino das aulas de idiomas para iniciantes e depois passou a ministrar cursos sobre 'História Egípcia', 'Religião Egípcia', 'Maneiras e Costumes' e 'Origens dos Sinais'. De acordo com Rosalind Janssen, ela também foi a arquiteta chefe do curso intensivo de treinamento de dois anos que foi instituído em 1910, o que levou a um diploma conhecido como Certificado de Faculdade em Egiptologia. Além do treinamento em língua egípcia, arqueologia e experiência de trabalho de campo com Petrie no Egito, o curso incluiu, aparentemente por insistência de Margaret Murray, anatomia do esqueleto, antropologia física, etnologia, mineralogia, desenho em escala e fotografia. Este programa muito prático resistiu ao teste do tempo, muitos dos quais sobreviveram na era dos sucessores de Petrie. Muitos dos estudantes que passaram pelo Departamento nos anos anteriores à guerra fizeram seus nomes em egiptologia e muitos registraram suas dívidas com Margaret Murray. 

É claro que Margaret Murray desempenhou um papel importante nos assuntos universitários, expressando seu amor por sua Alma Mater, 'esse grande e esplêndido estabelecimento', no capítulo de sua autobiografia que ela dedicou a suas experiências como estudante e professora. Membro da equipe acadêmica do Colégio - incluindo 'lembranças divertidas, embora extremamente imprecisas da UCL no final do século XIX'. Ela se interessou por preocupações cotidianas, como comida (ela serve(ela serviu por muitos anos no Comitê de Refeitório) e relaxamento (argumentando por uma sala comum melhor para as mulheres, que não só estavam separadas dos homens naquele período, mas também tiveram que aturar uma sala menor e mais abafada).

Escavação, trabalho de campo e atividades em museus

Margaret Murray escavou apenas uma vez no Egito com Petrie, em Abydos, em 1902. Em sua autobiografia, ela registra com alguma indignação um teste que Petrie fez, enviando-a sozinha no primeiro dia para conduzir os trabalhadores até o local. Os homens a princípio ignoraram a figura diminuta (ela tinha 1,80m de altura) e se recusaram a seguir suas ordens; no entanto, depois que ela os levou de volta ao acampamento e insistiu que eles perdessem um dia de salário, ela não teve mais problemas. Ela lembra que os assistentes do sexo masculino de Petrie não foram submetidos a tais ensaios.

Suas escavações independentes ocorreram nas décadas de 1920 e 1930 nas ilhas mediterrâneas de Malta, onde ela escavou o importante local pré-histórico de Borg in-Nadur e Menorca, e escavou dois locais megalíticos da Idade do Bronze em Trepuco e Sa Torreta. Em ambas as ilhas, as escavações foram publicadas de forma exemplar, como Escavações em Malta (3 vols), 1923–29, e Escavações de Cambridge em Minorca (3 vols), 1932–38. Em 1937, empreendeu uma pequena escavação em Petra, na Jordânia, e posteriormente escreveu um guia para o local, Petra, a Cidade Rock de Edom (1939) e outro livro, A Street in Petra (1940).

Além de escavações, ela realizou outros trabalhos de campo; por exemplo, em 1903–4, ela passou uma temporada em Saqqara, copiando as esculturas nas paredes das capelas das tumbas. Ela também passou muito tempo catalogando coleções em museus, incluindo o Museu Nacional de Antiguidades da Escócia, em Edimburgo, o Museu Nacional da Irlanda em Dublin, o Museu Ashmolean em Oxford e o Museu Nacional de Malta em Valletta. Uma de suas atividades mais públicas ocorreu no Museu de Manchester em 1908, quando ela empreendeu (junto com John Cameron) o desembrulhar de uma múmia, diante de uma platéia de quinhentos convidados (Fig. 2; Murray, 1910; Sheppard, 2012).

Figura 2
Margaret Murray (terceira da esquerda) desembrulhando uma múmia no Museu da Universidade de Manchester em 1908. As outras pessoas na foto são (da esquerda para a direita): Wilfred Jackson, Miss Hart-Davies e Standen (foto: cortesia do Manchester Museum , Universidade de Manchester).

Publicações

Margaret Murray publicou prolificamente ao longo de sua longa vida, produzindo em média pelo menos um artigo por ano, além de um grande número de livros, com uma lista total de publicações de mais de 150 itens. Inicialmente, seus trabalhos de jornal abordavam vários aspectos da egiptologia, mas depois expandiram-se para incluir a arqueologia de outras áreas, bem como o folclore e a religião antiga. Seus livros incluíam os relatórios de escavação descritos acima, livros introdutórios sobre gramática egípcia e copta, livros gerais sobre o Egito antigo, além de volumes sobre o reinado divino e o culto às bruxas na Europa Ocidental. Sua autobiografia foi publicada alguns meses antes de sua morte e, mesmo nos últimos meses, que foram gastos no hospital, ela ainda estava escrevendo. Este não é o lugar para uma bibliografia completa.

Folclore e bruxaria

Uma questão que lançou uma nuvem sobre a reputação duradoura de Margaret Murray é a divulgação de seus pontos de vista sobre bruxaria - embora esses precisem ser considerados em seu contexto histórico. Sua tese básica era a de que havia um culto generalizado às bruxas na Europa que preservava os elementos essenciais de uma religião pré-cristã envolvendo o culto a um deus com chifres e originalmente praticando o sacrifício humano. Essa teoria, proposta em vários livros (Murray 1921; 1930; 1954) e uma longa série de artigos, além de uma entrada na Encyclopaedia Britannica de 1929, baseava-se em interpretações extremamente literais dos julgamentos de bruxas do período da Era Moderna. Embora desacreditada há muito tempo na academia, suas opiniões eram influentes na época e, em 1953, ela se tornou presidente da Sociedade do Folclore. Posteriormente, seus pontos de vista sobre bruxaria desempenharam um papel fundamental na formação dos movimentos wiccanianos modernos.

Muitos de nós experimentam dificuldades semelhantes com a teoria da Deusa Mãe, igualmente rejeitada pela arqueologia convencional e também apoiada por arqueólogos femininas de destaque, como Jacquetta Hawkes e Marija Gimbutas. Obviamente, não há justificativa para o abandono do rigor acadêmico, mas não é muito difícil entender por que as arqueólogas podem preferir narrativas históricas que atribuem poder às mulheres (sejam elas deusas ou bruxas) sobre os relatos predominantes sobre orientação masculina, onde mulheres são em grande parte invisíveis ou figuram apenas em papéis domésticos. Um ponto final que se pode argumentar é que teorias diferentes, mas igualmente inaceitáveis, propostas por arqueólogos do sexo masculino da época, recebem um tratamento muito mais brando na literatura. O próprio Flinders Petrie, um defensor da eugenia, acreditava que a Civilização Egípcia não poderia ter sido o produto dos povos africanos, mas foi criada por uma raça de brancos intrusivos - uma visão que é tão claramente desacreditada quanto o culto às bruxas de Murray, e sem dúvida mais prejudicial, mas que raramente é considerado manchar a reputação de Petrie.

A crença de Margaret Murray na bruxaria tinha um lado pessoal e, às vezes, ela parece ter praticado mágica. Drower reproduz uma citação da entrada de Max Mallowan sobre Murray no Dictionary of National Biography:

De fato, em uma ocasião, ela lançou um feitiço sobre uma vítima pretendida [um colega cuja nomeação ela desaprovava] no Instituto de Arqueologia, na presença de duas testemunhas respeitáveis, e alcançou seu objetivo com sucesso conspícuo. O sujeito adoeceu imediatamente e foi promovido a um cargo mais alto e mais adequado.

O Movimento das Mulheres

Margaret Murray era uma defensora ativa do movimento pelo sufrágio feminino. Ela era membro da União Social e Política das Mulheres, liderada por Emmeline Pankhurst e participou da primeira procissão de protesto às Casas do Parlamento em 1907. Ela não parece ter participado de nenhuma das atividades ilegais do movimento sufragista, mas em sua autobiografia ela descreve algumas dessas ações com aprovação, combinadas com simpatia pelos sofrimentos das mulheres na prisão e desaprovação do tratamento diferenciado dado pela polícia às mulheres da classe trabalhadora e 'senhoras' que participaram os protestos. Ela considerou o caso dos votos das mulheres óbvio e acreditava que as mulheres eram iguais aos homens em suas habilidades, embora claramente não da maneira como eram tratadas pela sociedade. Ela também escreve com aprovação o trabalho de Marie Stopes, outra estudiosa da UCL, comentando que "como todos os reformadores, ela não era particularmente popular entre seus colegas, mas seu trabalho para mulheres era notável".

Na UCL, ela era uma defensora constante dos interesses das mulheres, funcionários e estudantes, e também apoiava os interesses das mulheres fora da faculdade. Por exemplo, Drower (2004: 119) registra como, durante a Primeira Guerra Mundial, ela se tornou membro ativa de um comitê criado por Elsie Inglis para levar meninas sérvias à Inglaterra para treiná-las como médicas (uma organização que persistiu após a guerra, com Murray). apoio ativo contínuo, mais tarde conhecido como Fundo de Bolsas de Estudo para Mulheres Iugoslavas Médicas). Seu feminismo se estendeu a sua bolsa de estudos, que incluía estudos de vários aspectos da vida das mulheres no Egito antigo, incluindo condições sociais e os papéis das mulheres na religião que, como ela relata em sua autobiografia, eram consideradas por Petrie e outros como "desagradáveis" demais, para as mulheres estudarem.

Em suas próprias palavras

Não aprendemos muito sobre a vida particular de Margaret Murray com sua autobiografia, exceto em relação à infância e à família, mas temos uma imagem clara de sua personalidade. Ela surge como determinada, engenhosa, diligente, social e politicamente consciente e com um senso de humor travesso. Algumas citações servem para ilustrar essas características. Em uma discussão dos termos gramaticais que criaram problemas para ela e seus colegas aprendendo egípcio, ela descreve o termo 'Objeto Semântico como um epíteto de aversão' como 'Ele é apenas um pouco horrível. Em seu relato de uma ocasião em que uma sufragista se envolveu em uma palestra especial de lorde Haldane, se acorrentou a uma cadeira e interrompeu totalmente a palestra, ela escreve (e isso pode ser lido como uma confissão):

Nunca soube como aquele convite com o próprio nome da sufragista chegou a ela. Isso mostra apenas que os jovens do sexo masculino, mesmo que sejam brilhantemente espertos, não devem colocar sua inteligência contra uma organização dirigida por mulheres. 

A autora deste artigo destaca a sua citação favorita do livro de Murray que refere-se a uma noite de luar no Egito em 1902, quando ela se aventurou com outras duas mulheres (Sra. Petrie e Miss Eckenstein) para investigar um possível incidente no Osireion, onde estavam escavando; ela descreve como 'nós três mulheres demos as mãos e dançamos com uma grande variedade de passos sofisticados, desde o acampamento até a escavação' (para o horror do próprio vitoriano Stannus, que insistira em acompanhá-las). Essa imagem da exuberância das três mulheres, brevemente libertada pelas circunstâncias dos constrangimentos de comportamento adequado para as mulheres da época, acho irresistível.

Legado

Desde sua aposentadoria na década de 1930, quando ela era claramente respeitada dentro da profissão, como testemunhado pelas honras que a UCL concedeu a ela e, particularmente desde sua morte em 1963, sua reputação diminuiu gradualmente. Ela aparece em muitas histórias da arqueologia como uma mera nota de rodapé para Petrie, embora tentativas recentes para corrigir essa negligência incluam sua inclusão em dois livros sobre mulheres arqueólogas do passado, enquanto uma biografia completa é atualmente publicada. A negligência geral de seu papel na história da arqueologia pode ser em parte devida à simples passagem do tempo e em parte a inquietação sobre suas opiniões sobre o culto às bruxas, descritas acima, mas provavelmente deve mais à exclusão sistemática das contribuições das mulheres na construção masculina da história, discutida por vários arqueólogos feministas (por exemplo.

Também dentro da faculdade, sua impressão desapareceu, não surpreendentemente. Durante a desagregação das salas comuns seniores em 1969, a antiga sala comum das mulheres foi nomeada em sua homenagem, mas a Sala Margaret Murray deixou de ser em 1989, em sua conversão para uso como escritório do então diretor de finanças e planejamento. Seu nome, no entanto, sobrevive no prêmio Margaret Murray, fundado em 1935 e ainda premiado anualmente por "trabalho diferenciado na seção de Egiptologia do Instituto de Arqueologia". Dos dois retratos conhecidos dela na UCL, um - feio busto de bronze - existe em duas cópias, uma no Museu Petrie, a outra à espreita em um canto isolado da biblioteca da IoA, enquanto uma outra muito mais atraente Winifred Brunton (Fig. 3), que já esteve no Museu Petrie, agora está nas lojas da Art Collection.

Fig. 3
Retrato em aquarela de Margaret Murray, de sua ex-aluna, Winifred Brunton; é datado de 1917, quando Murray teria 53 ou 54 anos (foto: Stuart Laidlaw; UCL Art Museum).

Na opinião da autora do artigo original, é hora de corrigir as omissões, tanto de entendimento quanto de reconhecimento. Margaret Murray foi uma das principais estudiosas que devemos ter orgulho de reconhecer como parte integrante e importante da história de nossa disciplina. Ela certamente merece uma reavaliação mais completa do que já recebeu. Como um gesto imediato, o Fórum da Mulher da IoA propôs que o retrato de Brunton fosse retirado das lojas para ficar em um local adequadamente proeminente no Instituto de Arqueologia - uma maneira mais apropriada de celebrar o 150º aniversário de uma notável arqueóloga.

Imagens e texto adaptado de:

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Como o mistério de 2.000 anos foi resolvido após a descoberta do 'labirinto perdido'

Arqueólogos descobriram o que se acredita serem os restos de um "labirinto perdido" abaixo da areia de um famoso local da pirâmide, no que antes se pensava ser uma estrutura mítica.

A descoberta foi feita em Hawara, um sítio arqueológico a 90 km ao sul do Cairo, onde os restos esfarrapados da Pirâmide Negra do Faraó Amenemhat III podem ser vistos hoje. Acredita-se que o imenso templo mortuário que originalmente ficava adjacente a esta pirâmide tenha formado a base do complexo de edifícios com galerias e pátios chamados de "labirinto" pelo famoso historiador grego Heródoto. Sem restos visíveis, pensou-se que a história fosse simplesmente uma lenda passada por gerações até que o egiptólogo Flinders Petrie descobriu suas "fundações" nos anos 1800, levando especialistas a teorias em que o labirinto foi demolido sob o reinado de Ptolomeu II e usado para construir a cidade vizinha de Shedyt para homenagear sua esposa Arsinoe.

Mas, em 2008, os arqueólogos que trabalham na Expedição Mataha fizeram uma descoberta impressionante abaixo das areias, revelou o pesquisador Ben Van Kerkwyk em seu canal no YouTube 'UncharteredX' no início deste ano.

Ele disse em janeiro: “É raro que os mistérios históricos antigos sejam totalmente resolvidos.

Grandes enigmas como as pirâmides do Egito parecem resistir de algum modo à passagem do tempo, imutável à medida que flui ao seu redor como pedras no rio da história.

Ocasionalmente, nossa civilização faz alguns pequenos progressos incrementais, uma nova tumba é encontrada ou algum objeto descoberto destinado a se tornar mais uma peça em um museu."

Há 12 anos, em 2008, uma descoberta importante foi feita sob as areias do Egito, não foi um pequeno passo incremental, mas representou um enorme salto adiante - uma oportunidade para exploração e aprendizado histórico - dos quais temos não testemunhado em um século.

Ele acrescentou: “Essa era uma estrutura gigantesca e mítica, que alguns dizem ter superado as realizações das pirâmides, uma enorme variedade de milhares de salões, templos e câmaras subterrâneas, superando várias vezes os locais de templos egípcios conhecidos.

Essa estrutura foi visitada e testemunhada em primeira mão pelos grandes historiadores do passado milenar, mas acabou perdendo as areias do deserto e sua presença física permaneceu desconhecida por mais de 2.000 anos."

Fonte: