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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

A bizarra prática de desembrulhar múmias na era vitoriana


Múmia sendo desembrulhada no Museu Boulak, Cairo - Getty Images

Durante o século 19, a elite da Era Vitoriana tinha o costume de organizar festas para tirar a paz eterna das múmias. O que era, no mínimo, bizarro. Nessa época, os europeus demonstravam um grande interesse pelo Egito Antigo. A tradição de comprar múmias – que já existia desde a época de William Shakespeare devido à percepção do valor medicinal que elas tinham – reascendeu após a entrada de Napoleão no Egito e na Síria. O fascínio pela cultura egípcia era tão grande que até recebeu um nome: egiptomania.

Foi nessa época que elementos egípcios começaram a ser empregados visualmente no marketing europeu. O Egito teve um grande aumento em seu turismo, já que os ricos da Europa costumavam viajar para o país e muitas vezes levavam múmias como lembrança.


Última múmia a ser desembrulhada na Inglaterra com fins científicos, em 1898 / Créditos: Getty Images

A prática se tornou tão comum que o aristocrata francês Abbot Ferdinand de Géramb escreveu no ano de 1833 que “Seria pouco respeitável, no retorno do Egito, apresentar-se sem uma múmia em uma mão e um crocodilo na de outros".

Os eventos para desembrulhar as múmias aconteciam quando o visitante voltava do país. Antes de ir para a parte principal da festa, anfitrião e convidados desfrutavam de um belo jantar repleto de bebidas. Algumas das festas ocorriam em locais públicos para que mais pessoas tivessem a oportunidade de ver o cadáver.

As festas pararam de acontecer quando a sociedade vitoriana passou a perceber que tratar corpos humanos como entretenimento não era uma boa maneira de preservar e apreciar uma cultura. Como consequência, a preservação das múmias passou a ser o novo interesse do público e dos cientistas.

Texto adaptado do original de Daniela Bazi em:

Exposição sobre o Egito Antigo em São Paulo

Exposição Egito: abertura em 19 de fevereiro no CCBB São Paulo (Reprodução/ Instagram/Divulgação)
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em São Paulo se prepara para inaugurar a exposição Egito Antigo: Do Cotidiano À Eternidade no dia 19 de fevereiro. A mostra, que ocupará seis pisos instituição, contará com 140 itens. Um deles é uma múmia, que data de 700 anos A.C. Era ela uma mulher integrante da 25ª dinastia, que ficou conhecida como Dinastia Núbia ou Faraós Negros. Chamava-se Tararo.

Em cartaz na unidade carioca do CCBB até 27 de janeiro, Egito Antigo: Do Cotidiano À Eternidade já atraiu mais de 1 milhão de visitantes. “Aqui, esperamos pelo menos a metade, 500 mil pessoas”, afirma Claudio Mattos, gerente da instituição em São Paulo. Ele recomenda que os paulistanos agendem suas visitas à exposição para que não sofram com as filas. A pré-venda de ingressos pelo site da Eventim tem previsão de início para 1º de fevereiro.

Uma das atrações da mostra, a estátua da divindade Sekhmet tem mais de 2 metros e 500 quilogramas. Ela tem cabeça de leão e é associada à guerra. Fará parte do núcleo sobre religião. Outras seções presentes na exposição serão eternidade e dia a dia. Também haverá por lá a reprodução de um documentário e de uma pirâmide.

CCBB SP. Rua Álvares Penteado, 112, Centro, 3113-3651. Quarta a segunda, 9h às 21h. Grátis. 19 de fevereiro a 11 de maio.

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