Imagem cedida pelo Ministério do Turismo e Antiguidades egípcio em 17 de fevereiro de 2021, mostrando a múmia do faraó Sekenenré Taá
As múmias de 22 reis e rainhas do Egito antigo vão protagonizar um "desfile de faraós" sem precedentes no sábado (3), entre o Museu do Cairo, onde repousam há mais de um século, e o Museu Nacional da Civilização Egípcia (NMEC), ao sul da capital, que será inaugurado em 4 de abril.
No sábado, antes do cair da noite, 22 múmias reais - 18 reis e quatro rainhas -, serão transportadas em ordem cronológica, cada uma a bordo de veículos com decorações típicas da época dos faraós, identificados com o nome do soberano.
O trajeto de cerca de sete quilômetros terá duração de 40 minutos e contará com importantes medidas de segurança.
O cortejo será liderado pelo faraó Sekenenré Taá (século XVI a.C.), da 17ª dinastia, e será encerrada por Ramsés IX (século XII a.C.), da 20ª. Mais conhecidos do grande público, Ramsés II e Hatshepsut também farão parte deste grande "desfile dourado dos faraós".
O evento também contará com um show musical transmitido ao vivo pela televisão egípcia.
A maioria das 22 múmias, descobertas perto de Luxor, no sul do Egito, a partir de 1881, não saiu do museu no centro do Cairo, localizado na famosa Praça Tahrir, desde o início do século XX.
Desde a década de 1950 estão expostas, lado a lado, em uma pequena sala, sem muitas explicações ao visitante.
No sábado, para serem transportadas, serão colocadas em uma espécie de embalagem que contém nitrogênio, em condições muito semelhantes às das urnas em que estão no museu. Os veículos que irão transportá-las também possuem um mecanismo para evitar impactos.
No NMEC, a partir de 18 de abril, serão exibidas em urnas mais modernas, "com controle de temperatura e umidade mais aperfeiçoado que o do antigo museu", explicou à AFP Salima Ikram, professora de egiptologia da Universidade Americana do Cairo e especialista em mumificação.
As múmias serão apresentadas individualmente, ao lado de seus sarcófagos, em um ambiente que lembra as tumbas subterrâneas dos reis, e cada uma terá uma biografia. Em alguns casos, as tomografias que foram realizadas também serão exibidas.
"Pela primeira vez, as múmias serão apresentadas de uma maneira bonita, para fins educacionais", disse à AFP o egiptólogo Zahi Hawass.
Segundo o especialista, o ambiente macabro que cercava as múmias no Museu do Cairo assustou mais de um visitante.
"Jamais esquecerei quando levei (a princesa) Margaret, irmã da Rainha Elizabeth II, ao museu, ela fechou os olhos e saiu correndo", lembrou.
Passados anos de instabilidade política após a revolta popular em 2011, que afetou gravemente o turismo no país, o Egito procura uma maneira de recuperar os estrangeiros.
O NMEC e o Grande Museu Egípcio (GEM), próximo às pirâmides, que serão inaugurados nos próximos meses, fazem parte dessa estratégia.
- "A maldição dos faraós" -
O GEM abrigará as coleções faraônicas do museu do Cairo, incluindo o famoso tesouro do rei Tutancâmon.
Descoberto em 1922, seu túmulo preservou a múmia do jovem rei e vários objetos de ouro, marfim e alabastro.
Mas por que não exibir as múmias neste museu?
"O GEM já tem o rei Tutancâmon, a estrela. Se múmias não forem deixadas no NMEC, ninguém virá visitá-lo", argumenta Hawass.
Enquanto aguardam o desfile inédito de sábado, as redes sociais estão repletas de mensagens que falam da "maldição dos faraós".
Vários internautas relacionaram as recentes catástrofes ocorridas no Egito a uma "maldição" causada pela transferência dos antigos reis.
Em uma semana, o Egito experimentou o bloqueio do Canal de Suez por um cargueiro gigantesco, um acidente de trem que deixou 18 mortos e um incêndio em um prédio no Cairo com 25 mortos.
A "maldição dos faraós" também foi mencionada pela imprensa por volta de 1920, após a descoberta da tumba de Tutancâmon, quando membros da equipe de arqueólogos morreram em circunstâncias misteriosas.
Retirado na íntegra de:
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