Múmia sendo desembrulhada no Museu Boulak, Cairo - Getty Images
Durante o século 19, a elite da Era Vitoriana tinha o costume de organizar festas para tirar a paz eterna das múmias. O que era, no mínimo, bizarro. Nessa época, os europeus demonstravam um grande interesse pelo Egito Antigo. A tradição de comprar múmias – que já existia desde a época de William Shakespeare devido à percepção do valor medicinal que elas tinham – reascendeu após a entrada de Napoleão no Egito e na Síria. O fascínio pela cultura egípcia era tão grande que até recebeu um nome: egiptomania.
Foi nessa época que elementos egípcios começaram a ser empregados visualmente no marketing europeu. O Egito teve um grande aumento em seu turismo, já que os ricos da Europa costumavam viajar para o país e muitas vezes levavam múmias como lembrança.
Última múmia a ser desembrulhada na Inglaterra com fins científicos, em 1898 / Créditos: Getty Images
A prática se tornou tão comum que o aristocrata francês Abbot Ferdinand de Géramb escreveu no ano de 1833 que “Seria pouco respeitável, no retorno do Egito, apresentar-se sem uma múmia em uma mão e um crocodilo na de outros".
Os eventos para desembrulhar as múmias aconteciam quando o visitante voltava do país. Antes de ir para a parte principal da festa, anfitrião e convidados desfrutavam de um belo jantar repleto de bebidas. Algumas das festas ocorriam em locais públicos para que mais pessoas tivessem a oportunidade de ver o cadáver.
As festas pararam de acontecer quando a sociedade vitoriana passou a perceber que tratar corpos humanos como entretenimento não era uma boa maneira de preservar e apreciar uma cultura. Como consequência, a preservação das múmias passou a ser o novo interesse do público e dos cientistas.
Texto adaptado do original de Daniela Bazi em: